Saturday, April 28, 2012

Segundo o dicionário Aurélio, picareta é quem usa de expedientes ou mentiras para alcançar favores. Preocupado somente com seu bem-estar, o mesmo embusteiro, quando preciso, utiliza até suas habilidades e posição “honrosa” como instrumentos de manipulação.
Não precisamos ir muito longe para encontrar tristes exemplares dessa espécie; eles estão picaretando por todo o canto: no trabalho, na parentela, em vários escalões da sociedade, na política e, infelizmente, até no meio evangélico. São hipócritas religiosos, comportam-se como genéricos e não possuem a verdadeira essência do cristianismo, sendo por fora bela viola e, por dentro, pão bolorento, porque mesmo “tendo aparência de piedade, negam a sua eficácia” (2Tm 3.5).
Esses picaretas são os “Judas” do século XXl. Se dizem cristãos, religiosos, lideram o povo, mas não têm um pingo de caráter; são invejosos, traidores, infiéis à Palavra Sagrada, quebradores de princípios e covardes (2Tm 3.1-4).
Após seu batismo no rio Jordão, Jesus jejuou quarenta dias e logo em seguida recebeu visita capciosa do seu opositor e inimigo de Deus, o diabo, fazendo proposta indecente: “mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles e disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares” (Mt 4.8,9). Jesus não se vendeu nem aceitou suborno; sabia que não há glória sem conquista, mesmo que custasse sua vida na cruz.
Ao contrário de Jesus agem aqueles que procuram caminho fácil para alcançar seus objetivos: vendedores de prestígio, de influência e apoio eleitoreiro. Não precisamos de despachantes políticos que defendam interesses pessoais e escusos, mas que representem toda a sociedade. Provavelmente não sabem ou não se importam que todo aquele que se vende vale menos do que o preço recebido.
É hora de separar o joio do trigo e os picaretas que tentam se esconder no Evangelho. Cristianismo, disse um amigo meu, é busca, e não coisa pronta. Gente que se veste de santo, bate no peito que sua cartilha é a melhor, mas que critica sem misericórdia e pudor, muito menos ama o próximo ou perdoa os ofensores, nem pratica o bem. Talvez esses farão o mesmo que no passado fizeram com João Batista: cortaram-lhe o pescoço porque falou a verdade.
Normalmente esses são os que se escandalizam fácil e freqüentemente. Aos crentes fingidos e aos seus líderes “exemplares”, todos uma vergonha para o Evangelho: Jesus sentou à mesa com os pecadores, conversou com as prostitutas e as libertou, mas não compactuou com nenhuma patifaria pseudo-espiritual. “Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade” (Mt 7.20-23).

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